quinta-feira, 15 de julho de 2010

O grande e velho carvalho

Sentada debaixo daquele grande e velho carvalho ela observa as nuvens, procurando nelas formas que já não encontra.
Antes costumava ser divertido. Quando as procuravam juntos. Ela com a cabeça deitada no seu colo, enquanto ele lhe acariciava o cabelo.
Nas nuvens encontravam todo o tipo de seres. Na verdade, eles viviam nas nuvens.
Mas um dia, um deles caiu e puxou o outro.
Agora lá está ela, sentada naquele lugar especial, só deles, à espera que alguma lembrança se torne mais vivida.
Mas o coração dói-lhe, dói-lhe muito.
A brisa bate-lhe ao de leve na face e ela vira o olhar, lá ao fundo avista alguém familiar, alguém como ele. O próprio.
Depois repara numa segunda pessoa. Uma rapariga.
As suas mãos entrelaçadas mostram a sua intimidade.
É então, que sentada debaixo do velho carvalho algo dentro dela se parte, como se o passado tivesse finalmente acabado, que a esperança, a ilusão em que vivia se tivesse dissipado.
Não, ele já não a ama, não, não a quer, por isso a ela restam-lhe apenas as nuvens, o velho e grande carvalho, e por fim memórias, memórias que serão guardadas no mais fundo do seu ser.

SR
(inventado)