sábado, 31 de julho de 2010

Distância do meu eu

E por vezes, só por vezes, gostava de sair do meu corpo, da minha vida, da minha história, desse livro de capa gasta, e ser uma mera leitora, dessas que apreciam, recostadas no seu sofá, contos de destino incerto.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

meu amor

...e agora meu amor, vou fechar os olhos, mergulhar no mundo dos sonhos e esperar, esperar por ti, no único sítio onde sei que sempre te encontrarei.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Vida

Viver no passado quando o futuro ameaça chegar é apenas uma das formas de virar costas à vida...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O grande e velho carvalho

Sentada debaixo daquele grande e velho carvalho ela observa as nuvens, procurando nelas formas que já não encontra.
Antes costumava ser divertido. Quando as procuravam juntos. Ela com a cabeça deitada no seu colo, enquanto ele lhe acariciava o cabelo.
Nas nuvens encontravam todo o tipo de seres. Na verdade, eles viviam nas nuvens.
Mas um dia, um deles caiu e puxou o outro.
Agora lá está ela, sentada naquele lugar especial, só deles, à espera que alguma lembrança se torne mais vivida.
Mas o coração dói-lhe, dói-lhe muito.
A brisa bate-lhe ao de leve na face e ela vira o olhar, lá ao fundo avista alguém familiar, alguém como ele. O próprio.
Depois repara numa segunda pessoa. Uma rapariga.
As suas mãos entrelaçadas mostram a sua intimidade.
É então, que sentada debaixo do velho carvalho algo dentro dela se parte, como se o passado tivesse finalmente acabado, que a esperança, a ilusão em que vivia se tivesse dissipado.
Não, ele já não a ama, não, não a quer, por isso a ela restam-lhe apenas as nuvens, o velho e grande carvalho, e por fim memórias, memórias que serão guardadas no mais fundo do seu ser.

SR
(inventado)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Ao longe, muito ao longe...

Ao longe, muito ao longe, ao longo da costa, passeiam dois namorados.
Ele ergue a sua mão com carinho e acaricia-lhe a face, o pescoço, o cabelo. Depois muito suavemente beija-lhe a testa.
Ela, mais pequena, levanta o queixo, e ele observa os seus olhos brilharem. Brilham de amor, paixão, mas também de tristeza, assolando-lhe uma lágrima no canto do olho.
É hora de se despedirem, depois de um apaixonado Verão e eles sabem o quão cruel pode ser a distância.
Ele vira a face para o imenso azul do mar, para a suavidade da areia, aponta para uma duna solitária, e fá-la recordar da primeira vez que os seus olhares se cruzaram, precisamente naquele lugar. A intensidade que se fez sentir, como se desde há muito se conhecessem.
Não se conheciam, mas amaram-se como se o amanha não existisse.
Agora ele vai embora, como se parte dela lhe fosse tirada.
Ela olha de novo para ele e só lhe diz: Amo-te, hoje aqui, amanhã onde estiveres, sempre onde quiseres.
Então fecha os olhos, coloca-se em bicos de pés, ergue mais o queixo e aproxima os seus lábios dos dele.
Sente o toque terno e suave dos seus lábios, o seu cheiro masculino maravilhoso, e sabe, ela sabe que esteja onde ele estiver, vai guardar aquele momento para sempre no seu coração, tal como ele.

SR

(inventado)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Livre

…e se eu pudesse, desejava ser livre. Livre da minha cabeça e do meu coração, que me fazem prisioneira da minha própria alma.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A perda

A lágrima escorrega pela sua face rosada.
A dor do seu coração não pode ser explicada por palavras.
Ela olha para o céu azul e não vê a sua beleza.
Ele deixou-a, ele já não sorrirá para ela nunca mais.
Ele não a voltará a abraçar com carinho, beijar com paixão, desejar o seu corpo, amar a sua alma.
Mas ela... Ela deseja cada uma dessas coisas.
Ela olha para o horizonte e sente que lhe levaram a alma.
Roubaram-no dela.
Um dia ele prometeu: Amar-te-ei mesmo depois de o meu corpo já não vaguear por aí.
Ela quis acreditar, mas não pensou mais nisso.
E agora outra lágrima rola pela saudade que lhe tem.
Ele já não está cá, e ela ficou só. Sem o calor do seu toque, sem a força do seu corpo, o alento das suas palavras...
Ela perdeu tudo o que tinha como certo porque o destino lho quis tirar, levando-o para outro sítio onde ela não pode entrar.
E agora sózinha, ela olha para o imenso azul e pensa que algures num sitio melhor lá estará ele cumprindo o prometido, amando-a com toda a sua alma.
E enquanto o pensamento se infiltra no coração, um arrepio assola-lhe o corpo como um beijo delicado nos lábios como quem quer dizer: ESTAREI SEMPRE PERTO QUERIDA

SR

(inventado)

terça-feira, 6 de julho de 2010

Desculpas do passado

E desculpa-me por eu virar as costas e tapar os ouvidos, para não ver, para não te ouvir, mas estou só a proteger o meu coração, ou parte do que lhe resta.

Ps: Escrito há algum tempo

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Ninguém sabe

Ninguém sabe…
Olho a minha volta, e não vejo nada.
Vejo-me na escuridão, presa nas minhas próprias correntes.
Tento gritar e a voz não sai.
Tento fugir mas não vejo o caminho, não há caminho.
Quero chorar e as lágrimas não caiem.
Quero falar e nenhuma palavra é suficiente.
Quero enraivecer mas nenhum músculo se contrai, o coração não se congela.
Quero pensar e só vejo uma confusão de pensamentos.
Quero sentir, e não sinto.
Olho em redor, e não vejo.
VAZIO
O vazio apoderou-se de mim, como se aqui não estivesse.
Como se dormisse e isto fosse um mero pesadelo.
Mas não consigo acordar, afundei me em mim própria.
Apática, olho pelo vidro da janela.
O sol pode brilhar, o vento fazer soprar as folhas, a chuva cair,
E já não sinto a necessidade de continuar a lutar…
Já não sinto necessidade de sentir prazer com o aroma das flores,
Com o brilho e calor do sol, a fresca aragem do vento, o suave toque da água.
No entanto continuo a escrever, coisas que mais ninguém perceberá.
Não quero pena, nem compaixão, não preciso de palavras de apoio.
Nada disso me trará o passado de volta, nem eu lutarei mais por ele.
Desisto, apenas por mim. Finalmente só por mim.
Mas há algo que ainda não me deixou afundar. Esperança
Tenho esperança, que onde menos esperamos se encontre finalmente uma porta.
Pequena, minúscula, mas uma saída.
Tenho esperança que um dia possa sorrir com vontade novamente.
Deitar me e saber que o amanha será ainda melhor,
Acordar a apreciar o sol a entrar pela vidraça da janela
Ouvir o chilrear dos pássaros, e desfrutar de cada momento da vida.
Sei que a vida continua, como todos dizem, mas isto não é vida, e eu quero a minha vida de volta. Não vou abdicar dela de novo, não posso.
Não, por ninguém.
Aprendi que devemos respeitar uma única pessoa para respeitar todas as outras.
Nós próprios.
Não me vou magoar mais com ilusões, mentiras, palavras doces e ao mesmo tempo falsas.
Sempre pedi sinceridade às pessoas.
Geralmente nunca me querem ouvir porque acabam sempre por me magoar.
Por isso deixei de as ouvir, vivo no meu mundo. Onde estão todos proibidos de entrar.
Até as barreiras cederem e eu achar que há alguém que realmente mereça entrar.
A minha forma de viver neste momento? Não vivo, ando a fugir às minhas magoas.
Tento esquecer, não pensar, agir pelo instinto, tentar ser normal.
Mas ninguém sabe…
Ninguém sabe já o que realmente sinto.

Ps: Este texto já tem o seu tempo

SR

Olhar o mundo com olhos de ver

Sentada, da minha varanda vejo o amanhecer, o negro azul a ficar celeste e os raios brilhantes a aparecerem.
Ouço o cuco piar, tal como os pardais. Ouço o fustigar do vento nas árvores.
Aproximo-me de uma flor, e sinto a textura sedosa de uma pétala.
Inspiro o ar matinal e é como renascer. O cheiro doce a relva cortada, a rosas acabadas de florescer.
E enquanto aprecio esta paisagem vou saboreando o meu pequeno almoço, tomando atenção ao seu gosto.
Talvez se perguntem o porquê de tanta atenção da minha parte.
Deve-se a algo muito simples.
Todos os dias nos levantamos,vestimo-nos, tomamos o pequeno almoço, vemos pessoas que conhecemos, passamos o dia a fazer coisas a que estamos habituados, e no entanto não lhes prestamos a devida atenção.
Somos máquinas, programados por uma sociedade.
Hoje decidi ser pessoa, e apreciar o mundo com todos os sentidos que me deram.
Sim, eu posso ver, ouvir, sentir, cheirar e saborear. E imagino que sem um destes sentidos eu entraria em revolta comigo mesma.
Imaginam o que é não ver? Não absorver um por do sol? Ou uma paisagem do cimo da montanha?
Ou ouvir? Ver os outros mexerem os lábios e não ouvir o som? Não ouvir a nossa música preferida? Não ouvir o rufar das ondas do mar a bater no esporão?
E sentir? O que seria de mim se não pudesse sentir o carinho de uma festa na cara? Ou não sentir uma mão especial a agarrar a minha?
Oh e cheirar? cheirar o doce aroma da minha mãe? Cheirar o perfume de uma rosa?
Ahh e por fim saborear! Viver uma vida inteira sem saber o que é o sabor do chocolate? Ou não ter uma comida preferida porque nenhuma sabe melhor que outra?
Já se imaginaram a viver com estas restrições?
E se vivem alguma delas os outros sentidos não vos são fundamentais?
Por isso digo, hoje vou ser pessoa em vez de máquina e saborear cada momento do dia, pois ninguém sabe se um dia algum dos meus 5 sentidos me vai falhar.

SR