quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ao som do amor

A rapariga entra na divisão onde está a decorrer o Baile de Final de Ano.
O seu cabelo comprido, liso de um negro de ébano, que esvoaça com a brisa do ar da noite, conjugado com o seu flutuante vestido azul que combina tão bem com a cor dos seus olhos, transmite uma beleza que não passa despercebida a ninguém.
É contemplada por muitos, mas não tem percepção de tal coisa.
Um único pensamento lhe escorrega pela mente e se entranha no coração: Tem de encontrá-lo, tocar-lhe, olhá-lo mais uma vez, como vicio compulsivo e incontrolável.
No meio da multidão procura-o, mas sem muito sucesso.
Desloca o seu olhar ao longo de toda a pista de dança e nada.
Depois sente-se especialmente observada, como se algo a puxasse com afinco por pura força magnética .
Repentinamente vira o olhar na direcção do seu observador. Quatro olhos se cruzam, uns azuis e outros bem negros, e uma faísca quente e vibrante se manifesta entre eles.
Um arrepio percorre-lhe toda a espinha, e um sorriso surge instantaneamente.
E sem qualquer ordem racional, os seus pés delicados envoltos em belas sandálias, avançam em passos suaves por aquela pista apinhada.
Contorna todos os obstáculos que entre eles se colocam e chega finalmente perto dele.
Sem nunca desviar o olhar, coloca os braços em redor do seu pescoço enquanto um slow vai embalando corpos abraçados e corações apaixonados.
Depois levanta um pouco o queixo e beija-lhe os lábios com doçura. Sente a seu aroma masculino e incorpora-o em cada célula do seu ser.
Fecha finalmente os olhos e na sua mente apenas um pensamento se encontra: Amor, meu amor, mata-me toda esta saudade que cresce, que cresce sofregamente a cada momento que não estás.
Depois disto, tudo se esvazia da sua cabeça.
E no meio do nada só duas coisas permanecem em acelerações ritmadas: O bater dos seus corações, infiltrando no corpo o amor que lhes vai na alma.

SR

(inventado)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A última

Esta é a última que te escrevo.
As promessas hoje dizem-me pouco. As circunstâncias tornaram-me mais forte e imune a certos actos de certas pessoas.
Já não sou a menina ingénua que era, mas ainda pago caro por isso.
No fundo fui crescendo com momentos felizes e menos felizes, como tudo na vida.
Não me arrependo de ser quem sou hoje. Arrependo-me apenas de ter-te prometido o que não podia cumprir e que o tenhas feito também.
Agora só tenho pena de não te ter conhecido em outra ocasião, pois podíamos ter tido uma boa amizade.
Penso que concordarias comigo.Mas hoje já não há nada a fazer. Há coisas que não se esquecem, mesmo que se perdoem.
Por isso resta-me seguir, e deixar-te para trás para sempre, porque é melhor que assim seja.
Só quero esquecer que deixaste de ser aquele amigo que sorria para mim e me fazia sorrir sempre. Aquele com quem eu podia contar, que ia estar perto e de braços abertos quando uma lágrima minha caía.
Porque agora já não estás, e mesmo que um dias queiras vir a estar eu já não o iria aceitar. Pelo menos como amigo de coração. Passou-se muito entretanto, a nossa amizade já não funcionaria.
De qualquer forma, sendo esta a última carta que te escrevo, quero-te só agradecer pelo tempo em que era importante para ti, esse tempo em que me eras muito.
Agora meu querido, agora que sei que és feliz, despeço-me para sempre com um abraço bem apertado, porque para sempre é muito, mas mesmo muito tempo.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Cansada

Às vezes sinto-me só cansada. Cansada de me levantar e cair repetidamente.
Talvez seja uma escolha do destino, que por enquanto ainda me diz: “Não, ainda não é hora de seres feliz”
De resto, vou uns dias lutando, outros caindo. Fico à espera entre lágrimas e sorrisos que o dia chegue, o primeiro dia do regresso da minha felicidade hoje ainda adormecida.
Até lá, fico só por aqui, nesse limiar de passado e futuro, baloiçando-me para lá e para cá como criança pequena e sonhadora, que no fundo, bem lá no fundo até que sou.

sábado, 18 de setembro de 2010

Hora de ir

Um sorriso aflora-lhe os lábios e um doce calor envolve-lhe o peito.
E enquanto enlaçada em braços ocultos, vai sendo embalada em doces recordações da sua vasta memória.
Vagueando pelo seu mundo tão seu, cheio de amor e sorrisos, vai juntando todos os pedacinhos de felicidade que pelo caminho encontra.
Depois com um cuidado nada caracteristico da sua pessoa, pega nas suas lembranças levando-as ao coração.
De seguida agarra na chave e fecha-o com amor.
E assim, com a doçura de certos momentos guardados nesse cantinho, o cansaço apodera-se-lhe do corpo, e uma suave tranquilidade envolve-lhe a alma.
Agora é hora de ir. E num movimento delicado ela fecha finalmente os olhos, caindo para sempre, nesse sono tão profundo.

SR

(inventado)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Esse medo de alturas

Talvez este medo de alturas um dia se extinga da minha cabeça. E quem saiba te chegue a entregar sem receio, os meus sentimentos num balão de ar quente.
Por enquanto digo-te apenas: Hoje talvez por motivação ou mero aconchego de coração, quando essas tuas palavras ressoaram na minha cabeça, voei um metro acima do chão.
E apesar de ainda o céu estar longe, hoje não sou já mais prisioneira da minha alma, pois tu, tu és a chave da minha porta, agora aberta.

sábado, 11 de setembro de 2010

Enche-me

Enche-me o dia.
Enche-me a noite.
Enche-me a vida.
Enche-me o corpo.
Enche-me o espirito.
Só não me enchas o coração, porque assim que num sopro mais forte o vento te levar, ele vai ficar apenas vazio, mais uma vez.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Like a bird

E hoje, hoje sou o pássaro que poisa na tua janela entreaberta e chilrea a plenos pulmões.
Vou-te dizendo sem que percebas “Adeus. Até sempre”, mas tu como ser distraído e ausente ignoras-me mais uma vez. Pois o recado está dado.
Viro-me para o horizonte em pleno despontar do sol. O dia começa agora. O dia começa lá ao fundo.
Entao no impulso abro as asas e levanto voo, sem destino traçado, apenas eu, a minha liberdade e o caminho de encontro ao amanhecer.

sábado, 4 de setembro de 2010

Um dia...

“Um dia escrevo para ti” Frase Nicola
Hoje é o dia.
O dia em que escrevo para vocês minhas queridas leitoras.
Inicialmente, quando a minha vontade de escrever se devia a meras libertações e revoltas da alma, ia redigindo textos para mim mesma, como um ser isolado, coisas que não conseguia dizer às pessoas.
Escrevia como que para sossegar um espírito inquieto.
Ao fazê-lo, não pensava em receber qualquer apoio de suporte às minhas mágoas.
Nunca pensei que este blog um dia me fosse arrancar sorrisos em certos momento bem difíceis do meu dia a dia.
Mas oh minhas queridas, como me enganei.
Por cada palavra bonita que me escrevem, por cada sentimento transmitido que me chega, por cada força que me dão, mais um sorriso se liberta.
Hoje tenho muito que vos agradecer. São um grande apoio para mim.
E os vossos textos, os vossos maravilhosos textos enchem-me o coração, já não me sinto mais sozinha. É como se todas partilhássemos um bocadinho de nós mesmas e nos apoiássemos mutuamente.
Entrei aqui sem saber o que esperar ao certo, e aqui encontrei pessoas super queridas.
E hoje, hoje já não escrevo para mim apenas, escrevo para nós, para mim e para vocês.
Porque eu sei que no fundo somos um Nós, que se ajuda mutuamente.
Como tal, obrigada a todas, a vocês minhas queridas. Obrigada pelo Nós.
<3

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Um novo começo

Finalmente, depois de uma espera dolorosa, o dia chegou. Um dia em que uma conversa se realizou entre um outro rapaz e uma mesma rapariga.
Um coração bateu mais acelerado, e entao, ela descobriu que nem todas as saídas estavam vedadas, e uma nova esperança nasceu e cresceu, como um lago no meio do deserto.
Com isto ela soube. Era hora, hora de um novo começo, de uma nova vida, de ser Feliz, como sempre quis.

"(...)Às vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar, anular do que desejar." Margarida Rebelo Pinto

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Melhor amiga

Amiga… Minha querida amiga tenho tanto para te dizer. Perdi tanto da tua vida. Perdeste tanto da minha.
Inicialmente pensei que tudo fosse do calor do momento, que ia acabar por passar, mas isso não aconteceu. E o tempo foi passando, de ti pouco sabia e de mim nada te podia contar.
Passei por tanto entretanto, já sofri muito, chorei tanto, e não te tive, não te tive bem perto de mim a abraçar-me a enxugar-me as lágrimas e dizer-me que tudo iria passar.
Minha querida melhor amiga, quantas saudades me passam pelo coração, quantos pensamentos passam pela minha cabeça, quantas memórias e sonhos rolam sobre os meus olhos fechados.
Tirei-te da minha vida como se tivesse esse direito. Tirei-te por infantilidade, por dor, raiva.
E hoje, só hoje quando bati de rabo no chão e olhei para cima e não tinha lá a tua mão para me puxar percebi a verdadeira falta que me tens feito.
Percebi ainda que temos que ser felizes no agora, porque as coisas mudam tanto de um dia para o outro, ninguém sabe se o amanha será tão bom como o hoje.
Por isso hoje, hoje mandei o orgulho embora e disse-te tudo o que me ia na alma.
E apesar de me sentir ainda no fundo, olhei para cima e soube que já lá estavas, como uma amiga, amiga como eu devia ter sido para ti. Por isso desculpa-me minha amiga, amiga do coração, aquela minha metade que me completava.
Sei que te desiludi, sei que choraste por mim, sei que sofreste porque te fugi, mas há muito que ainda tenho que te explicar, todas as razões que me levaram a tal. E vou fazê-lo quando estivermos juntas.
Sei que não vai ser o mesmo, não para já. Mas espero, espero mesmo ainda ir a tempo de sarar as tuas feridas, e juntas sararmos as minhas também. Porque eu preciso de ti. EU PRECISO DE TI. Finalmente dei conta disso, e é como se precisasse de gritar ao mundo.
Eu preciso de ti minha metade, minha vida, minha vontade de sorrir.
Amo-te irmã, para mim és isso, para mim és ainda mais que isso.

O fim e o início

E ainda bem, ainda bem que voltaste a encontrar a tua Felicidade, para que eu, finalmente desamarrada de todas as correntes, livre, possa ir também em busca da minha.