O seu cabelo comprido, liso de um negro de ébano, que esvoaça com a brisa do ar da noite, conjugado com o seu flutuante vestido azul que combina tão bem com a cor dos seus olhos, transmite uma beleza que não passa despercebida a ninguém.
É contemplada por muitos, mas não tem percepção de tal coisa.
Um único pensamento lhe escorrega pela mente e se entranha no coração: Tem de encontrá-lo, tocar-lhe, olhá-lo mais uma vez, como vicio compulsivo e incontrolável.
No meio da multidão procura-o, mas sem muito sucesso.
Desloca o seu olhar ao longo de toda a pista de dança e nada.
Depois sente-se especialmente observada, como se algo a puxasse com afinco por pura força magnética .
Repentinamente vira o olhar na direcção do seu observador. Quatro olhos se cruzam, uns azuis e outros bem negros, e uma faísca quente e vibrante se manifesta entre eles.
Um arrepio percorre-lhe toda a espinha, e um sorriso surge instantaneamente.
E sem qualquer ordem racional, os seus pés delicados envoltos em belas sandálias, avançam em passos suaves por aquela pista apinhada.
Contorna todos os obstáculos que entre eles se colocam e chega finalmente perto dele.
Sem nunca desviar o olhar, coloca os braços em redor do seu pescoço enquanto um slow vai embalando corpos abraçados e corações apaixonados.
Depois levanta um pouco o queixo e beija-lhe os lábios com doçura. Sente a seu aroma masculino e incorpora-o em cada célula do seu ser.
Fecha finalmente os olhos e na sua mente apenas um pensamento se encontra: Amor, meu amor, mata-me toda esta saudade que cresce, que cresce sofregamente a cada momento que não estás.
Depois disto, tudo se esvazia da sua cabeça.
E no meio do nada só duas coisas permanecem em acelerações ritmadas: O bater dos seus corações, infiltrando no corpo o amor que lhes vai na alma.
SR
(inventado)