segunda-feira, 5 de julho de 2010

Ninguém sabe

Ninguém sabe…
Olho a minha volta, e não vejo nada.
Vejo-me na escuridão, presa nas minhas próprias correntes.
Tento gritar e a voz não sai.
Tento fugir mas não vejo o caminho, não há caminho.
Quero chorar e as lágrimas não caiem.
Quero falar e nenhuma palavra é suficiente.
Quero enraivecer mas nenhum músculo se contrai, o coração não se congela.
Quero pensar e só vejo uma confusão de pensamentos.
Quero sentir, e não sinto.
Olho em redor, e não vejo.
VAZIO
O vazio apoderou-se de mim, como se aqui não estivesse.
Como se dormisse e isto fosse um mero pesadelo.
Mas não consigo acordar, afundei me em mim própria.
Apática, olho pelo vidro da janela.
O sol pode brilhar, o vento fazer soprar as folhas, a chuva cair,
E já não sinto a necessidade de continuar a lutar…
Já não sinto necessidade de sentir prazer com o aroma das flores,
Com o brilho e calor do sol, a fresca aragem do vento, o suave toque da água.
No entanto continuo a escrever, coisas que mais ninguém perceberá.
Não quero pena, nem compaixão, não preciso de palavras de apoio.
Nada disso me trará o passado de volta, nem eu lutarei mais por ele.
Desisto, apenas por mim. Finalmente só por mim.
Mas há algo que ainda não me deixou afundar. Esperança
Tenho esperança, que onde menos esperamos se encontre finalmente uma porta.
Pequena, minúscula, mas uma saída.
Tenho esperança que um dia possa sorrir com vontade novamente.
Deitar me e saber que o amanha será ainda melhor,
Acordar a apreciar o sol a entrar pela vidraça da janela
Ouvir o chilrear dos pássaros, e desfrutar de cada momento da vida.
Sei que a vida continua, como todos dizem, mas isto não é vida, e eu quero a minha vida de volta. Não vou abdicar dela de novo, não posso.
Não, por ninguém.
Aprendi que devemos respeitar uma única pessoa para respeitar todas as outras.
Nós próprios.
Não me vou magoar mais com ilusões, mentiras, palavras doces e ao mesmo tempo falsas.
Sempre pedi sinceridade às pessoas.
Geralmente nunca me querem ouvir porque acabam sempre por me magoar.
Por isso deixei de as ouvir, vivo no meu mundo. Onde estão todos proibidos de entrar.
Até as barreiras cederem e eu achar que há alguém que realmente mereça entrar.
A minha forma de viver neste momento? Não vivo, ando a fugir às minhas magoas.
Tento esquecer, não pensar, agir pelo instinto, tentar ser normal.
Mas ninguém sabe…
Ninguém sabe já o que realmente sinto.

Ps: Este texto já tem o seu tempo

SR

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