quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Noite de Primavera

Escuro, tão escuro. Os olhos, os seus olhos estão cerrados.
Abateu-se a escuridão sobre a sua alma. Pesada, tão pesada, é assim que se sente.
Deixa-se cair sobre a relva já molhada do orvalho dessa noite de Primavera.
Passam segundos que parecem eternidades. Finalmente os seus olhos cedem, abrem-se lentamente como duas flores em pleno florescer. Neles ver-se-á medo do que poderão encontrar.
Depois, uma leve aragem acaricia-lhe o corpo. Como um sopro de criança.
Um arrepio percorre-lhe a espinha como o toque de dois amantes apaixonados.
E enquanto o seu corpo permanece imovel no espaço, a sua mente vagueia no tempo.
Vaguei-a por lugares de alegria, por lugares de dor. Percorre como se de um caminho se tratasse cada primeira vez que experienciou. A primeira vez que se apaixonou, a que foi magoada, a primeira vez que encontrou um amigo verdadeiro, a que passou uma noite inteira a chorar… Vai descobrindo recantos da sua alma há muito esquecidos.
Uma lagrima escorregadia teima em descer a sua face rosada do frio. Dói-lhe. Dói aquela dor de coração, que não passa com um mero analgésico. Dói aquela lembrança, dóiem aquelas palavras ditas naquele gelado momento.
“Esquece-me para sempre”
Esquecê-lo? A mente não esquece o que o coração teima em relembrar.
Outra lágrima rola pela sua bochecha macia.
Depois abstrai-se de todos os seus pensamentos, de todas as dores. A sua alma esvazia-se e um suspiro aflora-lhe os lábios ao fixar a beleza do céu. Pequenos brilhos dão vida áquele escuro imenso.
As estrelas por mais pequenas que sejam naquele gigantesco céu , juntas tornam a noite menos sombria.
E é então que algo desperta no seu coração adormecido. Algo como esperança, de que nem o sentimento mais aterrador pode tornar um coração mais negro do que a noite quando há pequenas estrelas como os amigos e a família que o possam iluminar. E talvez, um dia mais tarde quem sabe, a noite se torne dia.
E é com este pensamento que ela fecha os portões das suas memórias e perde a sua chave, provavelmente naquele jardim coberto pelo orvalho, em plena noite de Primavera.

SR

(inventado)

7 comentários:

Dani disse...

Oh muito obrigada, mesmo :$
adoro a tua forma de escrever :)
beijinho*

Miiki <3* disse...

Gostei muito deste teu texto +.+

- Sílvia ♔ disse...

- mais um post magnifico (:

Marta disse...

esperas tu e esperamos nós $: obrigada

Dani disse...

apenas sou simpática para quem o é comigo, querida :)

beijinhos**

Alexandre. disse...

Obrigado por seguires (:

- Bianca disse...

Obrigada, estás a vontade (: